Carta Manifesto – Dia Internacional da Mulher

09/03/2017 15:12

Nós, estudantes do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reunidos na I Semana de Integração Discente do PPGECT (SIDECT), manifestamos nosso repúdio a todas as formas de violência de gênero, contra as diversidades e demais discriminações oriundas do sistema patriarcal.

Hoje, 8 de Março de 2017, é o dia em que recordamos a luta por melhores condições de trabalho das mulheres operárias que foram queimadas dentro de uma fábrica em Nova York, em 1857. Nós, que ainda estamos em luta, recordamos e denunciamos:

–  a alta taxa de estupros sofridos por mulheres no país (muitos deles nunca notificados);

a violência doméstica sofrida diariamente por mulheres;

– a violência contra mulheres negras, que são mais atingidas e discriminadas que mulheres brancas;

– a LGBTfobia que mata mais mais travestis e transexuais no Brasil que em qualquer país do mundo;

– as piores condições de trabalho para mulheres em empresas (menores salários, cargos mais baixos, impedimentos à maternidade);

– a violência de gênero no trânsito;

– o abandono e as más condições de vida e de exercício da maternidade das mulheres presas;

– a falta de representatividade das mulheres nos mais diferentes espaços da sociedade;

– a nova proposta de previdência social, que não leva em consideração as jornadas duplas de trabalho realizadas por muitas mulheres.

Enfatizamos que o Brasil é o pior país da América Latina para se nascer mulher, com desigualdades e discriminações em todas as esferas da sociedade. Além das violências físicas, psicológicas e materiais que as mulheres sofrem diariamente, precisamos focar nas sutis violências sofridas no ambiente de trabalho, como assédio moral e abuso de poder,  em especial dentro da academia. Existe um silenciamento da mulher no meio acadêmico, seja em processos seletivos, em reuniões de grupo, no reconhecimento do trabalho, no impedimento ao exercício da maternidade, entre outros.

Pleiteamos à todas pessoas ao nosso redor, companheiros, orientadores e/ou colegas de trabalho, que nos auxiliem nessa caminhada e luta, que façam uma autocrítica e reflexão sobre suas atitudes diárias para com as mulheres e, juntos, possamos transformar nossas atitudes e formas de nos comunicar, ressignificando-as e lançando olhares igualitários que certamente irão contribuir na construção de relações entre pessoas humanas, não importando, exclusivamente, sua constituição biológica.

Nesse sentido, é vital para nós, como educadoras e educadores, nos comprometermos com a busca por uma educação que rompa com o patriarcado e pela formação de mulheres e homens livres e autônomos, que possam contribuir para a construção de uma sociedade digna, justa e igualitária.